Casulo

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
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Às vezes eu me pego pensando em você mais do que o normal, na verdade já deixou de ser normal há algum tempo. Quero dizer... Paixão é normal? Se for, não preciso me preocupar tanto, a não ser pelo fato de que vou dormir pensando em você e acordo pensando de novo, no seu sorriso bobo, no seu abraço apertado, no roçar da barba, no toque das suas mãos em meu cabelo, mesmo quando diz para eu cortá-lo.

Gosto quando você senta ao meu lado e encosta a cabeça em meu ombro... Provoca-me a vontade de te proteger do medo, do escuro, da maldade das pessoas e do mundo. Ai você me abraça de novo e sinto o seu perfume, seus diversos cheiros, do natural ao de frutas ou chá que você tanto gosta. Depois me mostra o sorriso bobo e lindo que aquece o meu espírito e me faz gostar ainda mais de você.

Nem fico destruído quando você fala dos outros, mas guardo apenas para mim o desejo intimo de que fosse eu em seus pensamentos... Você me chama de “amor”, querendo dizer amigo e eu querendo entender o sentido literal desse vocábulo, ao mesmo tempo em que tento não ficar tão vulnerável e entregue a esse sentimento.

Mas é tarde de mais, você já trincou meu escudo, já rachou meu casulo, que por pouco ainda não quebrou, ainda me protejo com as minhas asas, faço isso pelo medo da dor e fico em dúvida se devo abri-las ou se devo continuar no conforto do encapsulamento.

Lidar com isso é tão confuso, que só o que penso ser capaz é deixar que o vento me leve pelo melhor caminho e no melhor sentido em que não haja erros, mesmo que não possa ser perfeito.

Observar você chegando, voando e batendo as asas coloridas, me deixa admirado e fascinado... Ai você me nota, às vezes ignora, às vezes ri de volta como resposta ao sorriso involuntário que me formo ao te olhar, sem malícia eu acho, sem malícia eu sei.

Só me resta ser sincero, comigo e com você, porque o que eu sinto é puro e nada mais importa.

Lagarta

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
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Era uma vez um garoto e onde ele morava havia um jardim, que todos os dias era visitado por um beija-flor, o garoto encantado ao ver aquele pequeno ser, amou-o desde o início, era o seu beija-flor, que não vinha todos os dias apenas pelo néctar das flores, mas também pela companhia do menino e os afagos com os quais lhe presenteava.

Às vezes, o garoto fechava a pequena ave em suas mãos e depois de um longo tempo o soltava, o pequeno ser não se importava, talvez por amar o garoto.

Mas um dia depois de muito tempo, o beija-flor voltou, contudo não sozinho, havia outro igual a ele e quando o menino se aproximava, os dois voavam para longe, foi então que uma grande depressão tomou conta dele e só depois de muito remoer seus sentimentos, aprendeu que o pequeno animal era livre e que grande parte de sua beleza era resultado de tal liberdade, aprendeu também que por mais que o amasse, jamais poderia obrigar o animal a ficar para sempre com ele.

Porém tudo deixa marcas, algumas boas, outras ruins, então o garoto foi crescendo e se tornando um homem e à medida que crescia, se formava em volta dele um casulo, casulo esse que acabava por bloquear sua visão e já não lhe permitia mais ver a beleza de qualquer beija-flor, pelo menos não a mesma beleza que o fazia se sentir tão bem e encantado, apenas uma beleza que cansava e que depois de algum tempo desinteressava seus olhos, lhe garantindo apenas alguma satisfação efêmera.

Até que um dia, andando a esmo foi parar no seu jardim, o qual estava fechado e mal cuidado, ele sentou na terra já seca e uma lagarta perdida lhe encontrou, disse-lhe que estava apaixonada, respondeu-lhe que há muito não se permitia apaixonar-se, a lagarta retrucou que a paixão só depende de si mesmo e que é possível ter muitas paixões na vida, em seguida ela partiu suspirando pelo caminho.

O garoto, já quase homem, teve medo, a lagarta de alguma forma trincou seu casulo, bem no instante em que uma borboleta passava despreocupada pelo jardim, ele olhou pela fresta causada em seu casulo, pela lagarta, e sentiu uma pontada no coração, um frio na barriga e um medo muito grande, mas a borboleta era linda e quanto mais se esforçava para ver melhor, mais o casulo rachava, ele tinha medo, ficando cada vez mais desprotegido, sem saber o que aconteceria dali para o futuro...

Viver é bom... Nas curvas da estrada...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Solidão


Aqui, mendigando um pouco de atenção

A barriga no colchão

Quero o mesmo sexo

Quero pão

E amor sem nexo

E paixão sem sexo

Não quero foda nem felação

Só carinho e comichão

Sentir tesão

Menor que a emoção

Só o toque

Sem malícia

A mão amiga

Sem masturbação

Quero você que não conheço

Esse você que não esqueço

Mas é desconhecido pela razão

Se existe, não te vejo

Tateio tudo pela escuridão

Por que foge no inverno

Por que retorna no verão

As vezes sinto estar no inferno

Tendo esmagado meu coração

Esperando que me leve ao céu

Provavelmente esperando em vão